terça-feira, 23 de setembro de 2008

Mudanças no Currículo

Por não ter participado da Oficina de Idéias que era um espaço de discussão do Currículo de Língua Portuguesa das séries finais do Ensino Fundamental, posto aqui a minha opinião sobre o Currículo para as séries iniciais do mesmo Ensino Fundamental.
Não há como pensar o conhecimento e a aquisição dele sem ter a apropriação da língua. Assim como não se pode pensar a conhecer a língua sem ter motivo ou necessidade de usá-la. A língua é instrumento.
Como dissociar coisas tão intrínsecas? Assim também deve ser o currículo. Sugerir caminhos e conhecimentos que se perpassam, se entrelaçam, se completam. Deixar de ser espaço de atividades estanques que parecem não ter relação, e algumas vezes não a tem nem mesmo com a realidade. Ser objetivo, prático, mas, ser também aprazível.

Livro de literatura na sala de aula

Eu considero o livro de literatura um grande aliado no trabalho pedagógico. Com ele fazemos mágicas e tranformamos o que seria um simples aprendizado numa longa e prazerosa viagem...
Não gosto de trabalhar atividades de interpretação de texto com livros de literatura. Ler tem que ser uma atividade que traga gosto de quero mais. A obrigação da leitura ou a associação dela à resolução de atividades leva o leitor à fadiga e ao cansaço.
Procuro associar atividades e conteúdos à leitura de um livro que gosto de fazer com pequenas dramatizações e leituras pausadas. As ilustrações são ansiosamente aguardadas e durante esse momento cada um cria a sua imagem para as palavras que ouvem.
Acredito ser essa uma possibilidade de exercício da criatividade. Que em alguns momentos peço que cada um externe como achar melhor: um desenho próprio, uma poesia ou mesmo a fala sobre o que sentiu, pensou...
Livros de literatura têm almas de criança, não podem ficar trancados em armários ou enfileirados em prateleiras tomando poeira. Eles também adoecem, querem o carinho de uma mão que os folheam, a atenção de olhos que os admiram.


FÓRUM COM JONAS RIBEIRO
E ANDRÉ NEVES


Estar com escritores e ilustradores é uma atividade que encanta, por pensar que haja um segredo e que será logo desvendado. Mas, logo descobre-se que para escrever e agradar e ser lido e relido é preciso, antes, de tudo, ser um bom leitor, um leitor-amante, daqueles que não havendo a presença do objeto amado, o livro, todas as fobias e mal-estar ocuparão o seu lugar.

Coesão e coerência

“o enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
Evanildo Bechara
Mesmo quando crianças que estão se apropriando da fala precisamos organizar os nossos pensamentos e traduzí-los em palavras de forma organizada. Quando passamos a usar a escrita para nos comunicar essa necessidade toma uma dimensão maior e mais complexa.
Para que o interlocutor nos compreenda é preciso usar as palavras e sinais corretos ou mais apropriados. Se estamos falando de um assunto não podemos "misturar as estações", precisamos encerrar o assunto antes de começar outro.
Usar palavras que ligam e deixam claros os nossos pensamentos também é importante para que quem nos ouve ou nos lê entenda o que queremos dizer, qual o nosso posicionamento, nossas idéias a respeito do assunto ou situação de que falamos.
Também podem facilitar a comunicação e o entendimento os gestos e as expressões físicas e corporais. Desde que seja coerente a maneira como os utilizamos.

Variação Lingüística e Erro

É bem difícil definir o que variação lingüística ou erro quando não se tem a mente aberta para a imensidão cultural do nosso país.
Também não é fácil saber qual postura tomar diante de tais situações. Corrigir os "erros" ou simplesmente reconhecê-los como variação.
Há variáveis importantes a serem analisadas antes de fazer qualquer coisa: reconhecer que nenhuma turma é homogênia no aspecto lingüístico é a mais importante delas.
Cada aluno traz consigo uma história, uma cultura ou a mistura de muitas e respeitar isso se faz necessário. Nós, professores, também somos portadores de culturas e histórias diferentes e queremos ser respeitados nisso.
No entanto, é preciso apresentar as normas que norteiam, que permitem que um país com uma extensão territorial continental, com uma riqueza cultural e com um povo tão comunicativo mantenha uma única língua tão viva e tão rica.
Na sala de aula, busco o equilíbrio. Prefiro ser natural e fazer com que meus alunos percebam que a sua linguagem é importante, mas, que eles devem saber onde usá-la. E aproveitando situações corriqueiras e diárias mostro que temos diversar formas de dizer a mesma coisa, e que cada uma se adequa a uma situação, a um interlocutor.